Era à margem deste tempo pois era poeta,
Tudo de uma vez era luzência e escuridão,
Era o abrir da porta, o rodar da maçaneta,
No pequeno menino que ia de mão em mão,
Perdia-me só pelas horas enfim transviadas,
Na procura incessante e ânsia pela pertença,
As lembranças doutrora das ruelas beijadas
Pouco mais eram do que uma vil sentença,
Confesso às estrelas o indómito sentimento,
E sento-me esperando por cerúleas escadas,
Que me levem para o céu em contentamento,
Que me mostrem beleza pelas noites erradas,
Pois afinal a palma da mão é só um momento,
Onde as horas enfim se dão por idas e findadas.