quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Os Filhos de Hiroshima

O tecto mostra-me enfim os raios da manhã, regressa o dia, 
Com os cordeiros, o abrir os olhos numa grande charada,
É dos insectos a parada, o golpe da faca, a morte da cria
Que ainda não nasceu, que não esqueceu a ferida sanada, 

É esta a eterna emboscada, a procura no ventre esterilizado, 
Mil e uma vezes fecundado, porém sem encontrar a vivalma
Que traz o sorriso ao Sol, apesar de ser outro dia desolado,
Há fotos tiradas que relembram os mortos e a sua calma, 

A noite foi-se, veio a manhã, e novamente lâminas nos sentidos
Por quem não se lembrava do nome, entre o fumo, entre a bruma, 
Enfim, as nuvens de onde caiam anjos e os pilares do Sol vendidos,

Deixaram apenas sombras atrás, beatas e cinzas pela colina abaixo, 
Carniça aos olhos dos abutres, ouçam o silêncio, a verdade é uma, 
Os filhos de Hiroshima ao tempo de um suspiro, são terra, por baixo.

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