Tenho dois vultos ao longo da estrada,
Lado a lado, um negro como o breu,
Outro com a luzência do sol à alçada
Sendo eu quem de ambos se esqueceu,
À margem da rua estranhando sua tela,
Pernoito à sua silhueta, quase acordado,
Tento beijá-los mas sou ignorado por ela
Que em mim é a penumbra sem cuidado,
Em ambos vejo este reflexo, tal fotografia,
Porém em nenhum me vejo por completo,
Então dividido fico entre a agonia e a alegria,
Entre a viagem sem margem antes da cortina,
A vós os dois vos dedico a ternura deste soneto
A vós meus vultos, o brilho da minha lamparina.