Este olhar é pastor para as nuvens, o céu,
É amador do visto, sonhador do imaginado,
A perfeição é que nada é meu, nada é meu,
Nem o que trago nos bolsos ou tenho ansiado,
Este olhar é um coração irrequieto a palpitar,
Insano e louco, sem protecção no seu trajecto,
Travo na garganta do que posso experimentar
Indo rascunhando no beijo este breve soneto,
Este olhar é também do lado de dentro farol,
Espaço trilhado e fadado para quem procura,
Mesmo quando este se cega pela luz deste sol
Em si continua sendo a moldura do horizonte,
Onde mais ninguém a si próprio lhe segura
E onde para diferentes margens é ponte.