sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Melancolia Outonal

Estes passeios repletos de folhas caídas em noites contadas,
Devagar inundam as artérias inóspitas, as ruelas sem lugar,
Parecem mais longas do que são, contêm outras passadas,
E sobre a terra húmida sinto-a a descer, quase a solavancar,

É a melancolia própria do Outono, de uma quase não estação,
Entre lábios murmúrios de palavras há muito tempo silentes,
Onde nos perdemos dentre o trilho, perdemos o nosso vagão,
E nos preenchemos em restos de chuva num abraço latente,

Embalo a enxurrada como se ela fosse uma filha, um familiar,
E parece nunca acabar, mesmo quando a pouso neste chão,
A sombra que vem e vai da qual pareço não conseguir escapar,

O espaço que vai daqui ao horizonte, o pulsar deste coração,
Que bate, como não, a dançar e com o aguaceiro a se enrolar
Basta-me ficar, só mais um instante e estarei pronto para o caixão.

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