Assim me separo de mim, das ânsias e dos desejos,
Divorcio do pretendido, das mazelas do querido,
Cobre-me o céu, subterfúgio do mar e seus beijos,
Vim do longínquo, sou a distância do reflectido,
Sou em mim amor universal, o filho elisiano,
Sobro de mim, vertido na tapeçaria da vida,
Esparramado por sete cores, o poeta insano,
Para sempre procurando amor na hora tardia,
Canto a maré e vocalizo a brisa na entoação
Que é este eco restante do ficado por dizer,
Quase só me falta encontrar o resto do coração
Para poder enfim gatinhar, andar e correr,
É tempo de partir, dedico-vos uma canção
Feita de luz desde a sombra deste meu ser.