Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
segunda-feira, 31 de julho de 2017
Vestidas de Raízes
A saudade do Outono, Ícaro e a sua queda,
Quase as ouço ao longe com sua melodia
Que é escuridão e luz por uma azul labareda,
As musas dos poetas de outrora são enfim
O único motivo pelo qual há de todo poetas,
Apaziguam a alma e iniciam onde só há fim,
São do superior as únicas e verdadeiras profetas,
Confidências à Lua, sorrindo, entre as suas irmãs,
Suspiros enviados à margem da estrada esquecida,
Enlevava o poeta das horas enfim tidas como más,
Pontuo com reticências o resto do rosto da maré,
Persigo-a hipnotizado através da noite indefinida,
Deixando um bouquet de estrelas em seu rodapé.
Tal a Ardente Fénix
Seu sorriso esboço para musas e ternas donzelas,
Tu aquele que mesmo sem amada é eterno amador
E este trilho é o teu pincelar por diferentes telas,
Estes raios de sol não são pertença, são irmandade,
Espaço para o movimento e moção para o sentimento,
De pés no chão e alma no céu jaz essa eterna beldade
Que por vezes vai de mão bem dada com o sofrimento,
Beijo o espelho e sua testa é beijada, oh doce trovador,
Tens asas arquejadas nas costas ao horizonte esticadas,
Por onde passas deixas um rasto de fragmentos de cor
Onde os segundos passam e as horas são bem amadas
Por vezes numa ferida aberta para se ocultar melhor
Pois tu és a delicadeza de tantas mãos até agora dadas.
As Núpcias
As núpcias com o beijo da suave maré,
Contava as bolhas e porções de areia,
Dormia em sonhos quase perdidos até
Por instantes altivos de luzente candeia,
Envolvido por cânticos de musas esquecidas,
Em confidências à Lua, lembrava nosso amor,
Um sonho lindo de histórias mútuas vividas,
Crescendo e propagando-se tal a mais viva flor,
Sorria entre lágrimas pela beleza conferida,
Delineando asas de assombro e esplendor
Numa praia deserta em si então já perdida,
Reaberto e esticado a todo esse belo ardor,
Oh praia deserta ainda és a minha querida,
Ainda és tu a receptora deste meu calor.
As Aventesmas
A lua cheia é de seus nomes esquecida,
A confidente aos prantos ditos por ela,
Intima com a noite, tão suave e querida,
Quase esqueci daquela que me deu a mão,
A sua envoltura e beijo dado no regaço,
Parece que quase tenho um inteiro coração,
Parece que nem sinto falta daquele abraço,
Aos passos ecoados por uma eternidade,
Já vos beijei a mão, lanço-me à estrada,
De peito a arder e sem grande finalidade,
Sereis vós minha verdadeira e única amada,
Em vós encontro enfim o reflexo de beldade
No viandar pela mensagem desta jornada.
Seu Apelido Era
Acossada pela maré, beijada pelo céu ofegante,
Assim esvoaçava e deslizava ao toque da aragem
Num momento que parecia tudo menos distante,
Esperando o reencontro eu era o simples trovador,
Com a Alma, com o criador e quem me é querido,
Ladeado por galáxias e nebulosas isto sim Amor,
Era ser aquilo que em outras vidas tinha perdido,
Procurando o toque ao fio do fim do horizonte,
Por aquele instante que é superior ou igual a Deus,
Encantado por ser e fazer parte de uma una ponte
Transbordando através de constelações, mil corações,
Estrelas, minhas perenes amadas entre eternos céus
Sou quem vai e imagina cantarolando vossos refrões.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Os Buracos das Estrelas do meu Tecto
Outrora eram a companhia tal apaziguante farol,
Relembravam a luz e magia ao homem ausente,
Que as nuvens eram trampolim, voo, lençol,
Assim passavam as noites pelo trovador,
Um trilho ínfimo transbordado de um peito,
Era meretriz e ladrão do beijo do beija-flor,
Resgatado em poesia e vertido num terno leito,
Era hora de cantar, acordar e subir escadas,
Hastear o sol, acender candeias atrás da lua,
Elevado, erguido e volteado entre suas amadas
Vendo finalmente a aurora sob esta pele nua,
Buracos de estrelas cadentes tenho-vos cravadas
Na alma, pelos cantos e nas esquinas desta rua.
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Visto-me de Plumas
Com duas asas rascunhadas por uma criança,
Estes olhos são pintores para esse solstício,
Duas almas ciganas cantarolando uma dança,
Deixo a partida em abraços apertados à brisa,
Vertido na paisagem que imagino num beijo
Contido por candeias e sombras a esta poetisa
Que mora em mim entre a ânsia e o desejo,
Vagueio entre estrelas e luas de fragmentos
Da noite para o dia, procurando meu amor,
Por entre apelos largados aos quatro ventos,
A ampulheta será a minha senhora, o ardor
Das noites em que varei por acontecimentos
Junto ao vosso coração plantarei uma flor!...
Assim me Separo de Mim
Divorcio do pretendido, das mazelas do querido,
Cobre-me o céu, subterfúgio do mar e seus beijos,
Vim do longínquo, sou a distância do reflectido,
Sou em mim amor universal, o filho elisiano,
Sobro de mim, vertido na tapeçaria da vida,
Esparramado por sete cores, o poeta insano,
Para sempre procurando amor na hora tardia,
Canto a maré e vocalizo a brisa na entoação
Que é este eco restante do ficado por dizer,
Quase só me falta encontrar o resto do coração
Para poder enfim gatinhar, andar e correr,
É tempo de partir, dedico-vos uma canção
Feita de luz desde a sombra deste meu ser.
Confidências
Ladeado por sombras envolvidas na bruma,
Quantas vezes fui a chegada sem partida
E lembrança deixada sem coisa alguma,
Se até de uma calçada pode nascer uma flor,
Se do nevoeiro cerrado há espaço e caminho,
Então escolho aquele cujos passos são amor
Desde que emanados com todo o meu carinho,
Por searas auríferas cicatrizes ora diademas,
Feridas abertas enfim tornadas em enfeites,
Removem a falta de oxigénio e estas algemas
Abrindo o caminho para mil e um deleites,
Sob o assombro destes largados poemas
Há o infindo, o eterno desde que o aceites.
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Emaranhado
Vendo-me nu porém vestido e por baixo
Serei tal um recém-nascido e mil velhos,
Onde será que neste mundo me encaixo?
Enredado ainda ouço seus ecos pela escada,
Suspiros tornam-se lágrimas de incerteza
E sua passagem é pesadelo sem alvorada
Num trilho já trilhado rumo a vera beleza,
Enleado por bruma esbanja-se o encanto,
Rugas grisalhas tornam-se beijos perdidos,
E entre esquinas prolifera indómito o pranto
De quem morreu para mil sonhos coloridos,
Por fim repouso em gélidos braços enquanto
O presente é a saudade de mil anjos caídos…
Planto
Esperando de palmas abertas um passado,
Também espero olvidar um dia a doutrina
Que me tolda a vista e não confere estado,
Estendo os braços para o mar inteiro albergar,
Sou filho dos que me antecederam, a quimera,
Fui tantos quanto consegui ser e mesmo amar,
E de tantos ser muitos deixei de ser oh quem dera
Poder ir no trilho do virtuoso, na dança sem nome,
O rapaz feito homem extraviado ao caminho,
Que venha o vero beijo e por mim me tome
Pois este resto é lugar quase por fragmento,
A face lunar, o viajar tão e tão devagarinho,
A parte de mim deixada ao passar do momento.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
Estou Pronto
Fardos são os melhores amigos dela,
Escondem o dito, o perfume de uma flor,
Fazendo noite sem espaço para uma estrela,
O poeta perdido de sua própria fragrância,
Onde se terá ele extraviado do seu caminho?
Somos nós deste mundo sua maior distância,