Nem retratos numa estante, nem memórias,
Seremos só o que de nós é aqui deixado,
Pouco mais do que poeira de mil histórias,
A epítome de quem se há enfim findado,
A chave para esta prisão, sem abstenção,
Dispersa por onde passamos, eterno beijo,
O poeta a ir enquanto lhe bate o coração,
De olhos semicerrados num intenso lampejo,
E perto da água perdemos nossas pegadas,
Deixamo-nos à intempérie e à sua loucura,
A vida é o seu total, sempre acumuladas,
A melodia sublime desta bela seresta
E vindo a morte e a sua vil amargura,
Há que aproveitar a vida que nos resta.