Abro a boca e em cascatas se vertem aguarelas,
Em palavras inexistentes e silêncios entre nós,
Onde vão ressoando os ecos através das janelas,
E onde as paredes repousam nos nódulos da voz,
A passagem é ligeira, a fronteira de uma ampulheta,
Hora de ponta onde passos se escoam na calçada,
Pela estreiteza das ruelas, pela vileza da sarjeta,
Tudo passa e nada passa, é o poder da estrada,
E ainda tem sinais vitais a verdade deste fado
Cantado na orla da maré, trauteando ao vento!
Tenho-nos ausentes no presente, futuro e passado,
Numa terna balada hás-me cativado tal flor estrelada
Do mais brioso páramo, o brilhante de que sedento
Estou, sou culpado de as seguir até à doce alvorada!
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