terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Pedágio da Vida

Sou uma retícula à porta de uma encruzilhada,
Honrando a voz que é bramido pela ribanceira
Levando-me adiante onde vou pela algibeira,
Ora veículo para a berma, ora simples estrada,

De instantes sendo retido, conforme prometido
Sou apenas uma alma vagabunda indo em frente,
Encontro e perco-me  face ao tempo que indiferente
Me julga mediante as rugas no rosto em si reflectido,

Vai ficando a voz grisalha, os beijos então glosados, 
Entre duas margens, entre as bermas, o terno cinzeiro, 
Sendo pertença para quem não vê, onde os implicados

Fecham-se em quartos sem janelas, é impossível ver
A cor do prado, a luz do sol, sem recado e do bueiro,
Metade ou inteiro, quão difícil é por vezes simplesmente viver.

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