sexta-feira, 12 de junho de 2020

Desaforos

Suspiro pela estrada fora, rostos por pó desfeitos,
Confabulo sonhos em vozes de outros poetas,
Engolindo supernovas não me dando por satisfeito,
O meu testamento são estas estrofes, estas letras,

Faltam-me palavras para a beleza astral do olhar
Do sonhador proficiente por suspiros da distância
Ao sonho. Caem árvores na floresta, diz o sonhar,
Apelando ao excesso, recesso, o sol e sua instância,

Enquanto cupidos mergulham por nuvens ascendentes,
Contentes, batem, matam e cospem em quem é amador,
Que são os que não arredam o pé, os eternamente crentes,

Então rindo-se com lágrimas no olhar, com champanhe barato,
Alguns suplicando que cubram seus corações a cimento, a dor
É grande sim, mas é ela também dos grandes poetas o retrato.

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