Uma lágrima por todos os dias idos,
Aqueles dias em que dormi sem sono,
Aquém do horizonte jazem escondidos,
Aquém de mim são todo o meu abandono,
Uma lágrima aos dias que serão esquecidos,
Por serem pouco, por serem quase nada,
Por não chegarem a ser pois foram perdidos
Precisamente quando os colocava à alçada
De um tempo que nunca em si teve tempo,
Uma lágrima para quem não teve coragem
Pois ao ir, não foi na brisa quedou-se o alento
E do ar quentinho ficou apenas uma friagem
Ficando sem nunca ser, sendo tom de cinzento,
Caminhando o caminho sem nunca ser viagem.