Já não me chega o tempo que tenho
Preciso de algum tempo emprestado,
Pois é neste meio ir que contenho
Todo o tempo que parece parado,
Preciso de tempo para as horas mortas
Para as ir enchendo de entulho,
É assim que pelas pontes tortas
As vou ocupando de barulho,
Assim que passam silenciosos segundos
Pela estrada que é sempre partida,
É assim que vêm e vão mundos
Preenchendo o tempo que é a vida
Onde quem não tem tempo é moribundo
Quando o tempo em si não tem saída.