quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ía o Poeta: A Covardia da Falta de Chão

Era ver a canção sem o cancioneiro,
Já nem me lembrava tal história,
Parecia barco sem timoneiro
Ou lembrança sem memória,

“Não há sitio pois caibo em todos”
Lamuriava então o poeta à parede
“Perdi o pé, olvidei-me dos modos,
De tanto beber esqueci qual minha sede”

Errante, sobre as areias descalço,
Sob o peito suas mãos tão frias,
Havia ecoado o conto do poeta falso
Por isso descia por infernais escadarias…

Sem crer nas palavras que proferia,
Sem acreditar na beleza que vira:
Outrora fora, hoje era noite sem dia,
Era o caminhar que ele próprio traíra,

Restos de estrelas caiam-lhe entre os dedos,
Havia toda uma viagem sido em vão?
Perguntava-se para onde foi a coragem por medos
E onde é que foi que o mundo lhe partira o coração…