Por Mim a Ponte (Entre Margens): Adeus: Costa Querida

sábado, 29 de setembro de 2012

Adeus: Costa Querida

Adeus... Adeus minha costa querida
Trazer-vos-ei em lembranças suspiradas,
Haveis-me pintado os sonhos de uma vida
Logo sereis em mim na parte das amadas,

Adeus... Adeus minha costa e seu farol,
Chorar-vos-ei ao passar das estacões,
Da margem tocada pelo nascer do sol
Até ao assentar do luar noutros serões,

Adeus... Adeus minha costa bela e tardia
Que acolhas barcas que vos elevem deveras
E vos toquem bem fundo como quis ou queria,

E a tal sentimento meu até podeis questionar,
Pois sabei que tenho sido navegado pelas eras,
Sabei que apenas parto pois nunca soube ficar.

Sobre a obra escrita

... uma canção, para todos os que quiserem escutar.

"O Eu poético do autor desenraíza-se e expande-se pelo firmamento, pela pluralidade, pela folha, pela trova, ao sabor do vento – o eterno sonhador e viandante.
Longe de mim entrar em domínios métricos ou manchas gráficas quando salta à vista uma linguagem leve numa temática universal – o amor, o incondicional, livre e habitável amor, em palavras que se ramificam, se desdobram e multiplicam na tentativa de simplificar a complexidade das coisas simples e seus paradoxos de índole filosófica, genésica e evolutiva enquanto seres pensadores e sensitivos.
E o desapego, a liberdade que se respira a cada estrofe, a cada verso “ Sei que apenas parto pois nunca soube ficar” - as confidências a um rosto lunar, o Ser cativo de diferentes ventos, a impermanência, a busca das palavras perdidas na utopia dos olhos cobertos de estrelas. Um romantismo que nos transporta a uma entrega incondicional ao instante, ao momento - “ Não será esta transitoriedade que dá ao trilho beleza?” “ Que não é posse mas é em quem o sente?” -“ Tal estrela cadente é o rasto atrás deixado para ornar o céu… que estrela ousaria chama-lo seu”?
O autor, este rei sem coroa do reino sem trono, reclama todas as estrelas, todo o amor como tecto do seu ser tão grandioso como residual – o caminho como morada única, as pegadas na areia, memória breve de quem chegou para não ficar – eterno pensador que invoca a aragem que parta todos os espelhos criadores de cegueiras do Ser, esse trono ou declínio da tribo ou da multidão que habita cada um de nós. É uma nova espécie de ave que se despe - Colibri com ascendente em sonhador, trovador e louco – e nós, incautos, vestimos as palavras à nossa medida - também a mim não chegariam mil palavras, mil abracadabras…"

Livros editados:

"Tão Longe e Tão Perto"