Cai oblíqua, incidente sobre o desnudado pavimento,
E eu, de boca aberta, aproveito para a poder saborear,
É esta propensão para a queda, a intuição do momento
Que permite ser num breve instante no céu, no esvoaçar,
Cai silente, subsiste um ruído nulo e vem num sossego
Que é o pisar sobre folhas outonais num lene murmúrio,
Tão doce e tépida, numa doce enxurrada, num aconchego,
Vai rebatendo na moldura da janela azul que em infortúnio
Relembra-me a passagem do tempo em doce melancolia,
Sobre o berço as suaves boas-vindas que vêm sem demora
Quando nos despedimos sobre a pernoita de mais um dia,
Cai branda, cai ténue retraçando os passos dados outrora,
Vejo-a pelo canto do olhar procurando a sua única magia,
Esperando assim o tique e o taque de uma forasteira hora.
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