segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Quando Chega A Hora De Partir

Sustendo o fôlego de instantes outrora eclipsados,
Hoje pincelo a abóboda de cores jamais imaginadas,
Vou sacudindo a alma de pesadelos ontem sonhados,
Despindo lentamente as paredes entre si confinadas,

Acredito que suspiros são sorrisos ainda não vividos,
Pronuncio o passado, ansiando o futuro, absorto,
Rachando o chão por caminhos sinuosos e perdidos, 
Pulsando o ventre, frio e quente, erecto e até torto,

Entretanto aprendo: “Não há mais tempo para despedidas”
Pois o coração também pára na noite eterna e passageira, 
Prisioneiro do frio derrelicto, feito a dois por sendas divididas,

Somos roupas usadas recriando sombras em lúgubres recantos,
Sombras essas que vão dançando ao vento na luz forasteira, 
Trago os vultos que fomos indo, o pouco deixado e os tantos.

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