domingo, 5 de fevereiro de 2023

O Boato (Cerebral)

Tenho gritos de guerra na garganta ainda hoje plantados,
São poiso para asas engarrafadas em navios sem destino,
Filhotes de heróis mortos cujos corpos nunca procurados
São eu, orfandade e lágrimas, as moradias sem inquilino,

E é desespero, vontade do não anseio, o suspiro perdido,
E eu vencido antes de ser derrotado, sem qualquer perdão,
A pluma na faca aguçada, um nome sem qualquer apelido,
Aprendi a morrer enquanto sou vivo de algemado coração,

Ela pavoneia-se entre as estrelas, sem qualquer amor para dar,
E cada letra, cada palavra é sentença para de mim recuar,
É o solavanco na estrada, a direcção alterada, o inebriar palato

Indiscreto, esvaecendo tal vinho entre dedos descalços, insensato
Sou eu, é o bocadinho da dúvida, o não conseguir comigo relacionar
O fragmento em que somos vida, em que não somos apenas o boato. 



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