Acolhe-me o voo dos pássaros, um desabar de solidão
Dos apelidos que sobrevoei, as flores, as pedras atiradas
Aos meus pés, esta história contada no bater do coração,
Pelo menos o rio sabia o nome destas cicatrizes demarcadas,
Estas pálpebras com o horizonte pintadas, em breve serei um caixão,
Há que viver esta vida, levar o pincel à tela e senti-la perto, sentida,
Suspeito por procurar e por fugir de quem me quis outrora dar a mão,
E estas carícias tornadas retoques, por curva e contracurva proferida,
Abscondido do lume de dois lábios, das sombras no quarto do poeta,
Fugidias onde o tempo se foi, memórias em jazigos, no olhar o beijo
Há muito perdido na rua tal aquele que do amor se tornou proxeneta,
E eu entre margens, sem ir e sem ficar, sem partir e sem um dia chegar,
Bebendo de minha sede, a procura da espera, o anseio tornado almejo,
Quando virá aquela donzela para preencher o abismo, para me abraçar?
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