terça-feira, 23 de outubro de 2018

Elegia do Filho do Sol ao Pai

Igual ao meu coração, jorra sangue pelo olhar
O ócio matou o sol, a nascença se há derramado
No filho do sol, enfim o abismo abrirá a cancela do ar
E o esqueleto moribundo do presente será passado,

Quem dera ouvir a sua voz com um abraço sentido,
Porém só há uma nuvem de fumo nesses pulmões,
Que me deixa a meio percurso e eu tão perdido,
Não há conforto para esse corpo nestes colchões,

Pai, lembro-me dum sorriso próprio somente teu,
Que não te esqueças de despertar, é hora de acordar,
Não te dissolvas numa memória de quem creu 

Que era só beijo para se afagar e permitir sonhar,
Apesar de ter nas pernas a eterna lira de Orfeu
Tenho um longo caminho para ainda mais me afastar.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.