Este rio flui para a foz mesmo estagnado,
Sou o desencontro da margem querida,
A troca de alma por um beijo silenciado,
O embate das ondas numa costa perdida,
Preparem-se, o poeta não sabe o sentimento
Ou como o gerir pois ele é só vidraça anil,
A enxurrada cobertura para o sofrimento
Do homem que rápido vai de zero a mil,
Não pertenço ao trilho, ao sonho primaveril,
Hoje sou negro, morto, vulto pela treva fora,
Sou o monstro da noite, a emboscada, o covil
De onde vimos que enfim vamos todos embora,
Lanço-me na corrente, acorrentado, tão febril,
Que sinto falta de quem fui em esquecida hora.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.