Aconteceu a noite caída em escura enxurrada,
Janelas sem persianas, cortinas bem abertas,
Lâmpadas a meia-luz alumiando quase nada
Para além do estranho sabor das horas incertas,
O coração palavra, nome e verbo adjectivados,
A preguiça dos dias na boémia nocturna,
Chuva negra sobre dois estranhos encontrados
Nas sombras na calçada, quase poesia soturna,
Estações de autocarros e comboios, estrada sem fim,
Até encontrar o ombro de um bom, bom amigo,
Por música, morreremos sozinhos, meio assim…
Porém hoje é tempo de viver num suspiro de vida,
Para quê tentar escolher se não há opção de abrigo,
Deixo-a num sorriso e num momento deixado à partida.