terça-feira, 29 de março de 2016

Cortinas Corridas

Cortinas corridas e persianas fechadas,
Uma janela azul vai fluindo ao vento,
Seu caixilho são noções quebradas,
Despegadas ao erodir do tempo,

Areias nos olhos enchem a ampulheta,
Ela ditando por pulsação a oferenda,
Pelo realçar indiscreto de uma caneta
Vou embalando o tingido tal uma prenda,

Traçam-se as minúcias despercebidas,
E um mero retoque apazigua sua pele
Em contornos a cores quase esquecidas,

E ao lustro de um resplandecente anel,
É vê-la partindo no horizonte abstraída
Enquanto este amor pranteava papel.