A velhice vem e de olhos semicerrados
Vai lentamente arranhando a vidraça,
Arrastando estes devaneios sonhados
Tal pedras na algibeira pela praça
De uma memória recôndita e antiga
Com pássaro negro e as suas plumas
Trazendo ao corpo uma nova fatiga
Deixada ao sabor de idas brumas,
Prisioneiros destes cabelos grisalhos
Quando a areia se esvai na ampulheta
E no campo deste coração espantalhos
Semeiam sozinhos um tempo esquecido
Não conferindo tempo para ser poeta
No horizonte duma réstia de Amor ferido.