Dão-me um osso de roer para o prato
E esperam que use talheres de prata,
Fingem não ver quão magro é o fato
Vendendo promessas com toda a lata
De quem tem voz mas não tem preceito
Pois afinal não há mesmo nada a dizer,
Aos que não vêem parece preconceito
A verdade é que não há que escolher
Pois a escolha já foi feita por um outro,
Esganando a trela envolta ao pescoço,
Lá vai a rés desgarrada, o indómito potro,
Vai contra a parede - o coração couve,
Engolido na falta de solução, o alvoroço,
De quem ouve falar mas ninguém ouve.