Da minha rua vejo milhares de janelas,
Estes olhos que tanto têm por onde ver
Foram sendo esquecidos pelas ruelas
Que o escuro enlaçou sem devolver…
A vista, sem pista, tornou-se na subtil cilada
Fugindo avultada levando o precioso sorriso
Até que a pálpebra ficou tão e tão pesada
Que os olhos olvidaram o que é preciso,
O amanhecer, glorioso sobre a vista indefesa
Enquanto a noite finge ofertar a Lua à viela
Donde mal consigo ver Ema e sua beleza,
Prisioneira de quem não a vê, será ela cega?
Quando o não ver se torna a parede e cela
Há sempre o feixe de luz que a vista sossega.