Olha-a bem na alma, a Lua está acesa…
Ela, a cúmplice deste soneto que escrevo
Eu do outro lado da meia-noite na incerteza
Deste vaguear clandestino a que me atrevo,
Insónias diferentes nesta sombra das cores,
Mementos de restos de poemas e maresias
Em estórias de ninguém pelo céu e arredores
Lua, Lua minha sem dono, rainha das poesias,
Fragmentos da vertigem dos campos estrelados
Por onde íamos os dois, ela sem pé, eu sem chão,
Em nuvens tal poltronas e candeeiros tal Eldorados,
Ela sendo a luz e eu o crepúsculo desta nossa mão
Onde deslizamos em mil gotas em lagos azulados
Nós – este Tudo, este nada entre o berço e o caixão.