Como um rosto sem apelido
Tal e qual o aceno sem resposta
Na frase do discurso interrompido
Porém bem à frente dos olhos posta,
Como o dar a mão e reaver restos de ar
Tal como aguardar por quem não espera
E virou as costas a quem apenas quis amar
E que portanto ao não ser, lá nem sequer era
Em interrupto riso perdido no espaço vazio
Naquele suspiro que só as paredes ouviam
Que ao habituar-se à frieza deixou de ter frio,
Tanto quanto esta ânsia que o estômago carcome
Neste almejo daqueles que a mazurca sentiam,
Aquela que todos dançam e ninguém sabe o nome.
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
quinta-feira, 20 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
Eu e Ela: Éramos Nós Dois
A margem do rio era somente pano de fundo
Pois aquele seu belo sorriso, aquele seu olhar
Era no efémero do instante todo o meu mundo
O reencontro ao Inteiro nesse tão leve esvoaçar,
Cada gesto seu instilava para o almejado romance
Da intangibilidade do sentimento então suspirada
Pelo portão saltado de uma só vez o Céu ao alcance
E na ternura de nosso ósculo a alma então recobrada,
Aqueles olhos cerrados vejo-os onde a chuva tombava
Seus lábios eram todo e meu único papel nesta vida.
Onde a sua cabeça repousava este ombro continuava
Suave através de seu rosto e a cada renovada batida
O sorriso crescia e num súbito ápice se apaixonava
Esquecendo que seria algo ao longe em despedida.
Pois aquele seu belo sorriso, aquele seu olhar
Era no efémero do instante todo o meu mundo
O reencontro ao Inteiro nesse tão leve esvoaçar,
Cada gesto seu instilava para o almejado romance
Da intangibilidade do sentimento então suspirada
Pelo portão saltado de uma só vez o Céu ao alcance
E na ternura de nosso ósculo a alma então recobrada,
Aqueles olhos cerrados vejo-os onde a chuva tombava
Seus lábios eram todo e meu único papel nesta vida.
Onde a sua cabeça repousava este ombro continuava
Suave através de seu rosto e a cada renovada batida
O sorriso crescia e num súbito ápice se apaixonava
Esquecendo que seria algo ao longe em despedida.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
As Nuances: De um Iglô no Gobi
Arcos e blocos de gelo fazem paredes estranhas,
Despertai-me para a vida desta oblonga elipse,
O sangue que me corre dentro das entranhas
É o suficiente para provocar um Apocalipse,
No semblante de quem nunca conseguiu mesmo ver
Quando as dunas e o deserto se mesclam consigo
Vagamente, na amplitude tão breve deste ser,
Onde por vezes a bênção mais parece castigo,
Rascunhámos cones e cubos sem grande sentido,
Desdobramos os membros orientando o vento
Dos pólos ao equador sem ideia do apetecido
Que nos inebria a cada nova nuance de cinzento,
Levamos iglôs ao deserto com ideia de abrigo
Habitando-os só com a passagem do tempo...
Despertai-me para a vida desta oblonga elipse,
O sangue que me corre dentro das entranhas
É o suficiente para provocar um Apocalipse,
No semblante de quem nunca conseguiu mesmo ver
Quando as dunas e o deserto se mesclam consigo
Vagamente, na amplitude tão breve deste ser,
Onde por vezes a bênção mais parece castigo,
Rascunhámos cones e cubos sem grande sentido,
Desdobramos os membros orientando o vento
Dos pólos ao equador sem ideia do apetecido
Que nos inebria a cada nova nuance de cinzento,
Levamos iglôs ao deserto com ideia de abrigo
Habitando-os só com a passagem do tempo...
domingo, 16 de junho de 2013
Descalça: Foi Ela
Descalça vai ela pela noite tão escura
Aonde seus passos as flores sustentam
Suaves em tal Amor e em tal brandura
Que ao seu passar os abrolhos rebentam,
Aqui aguardo tão só seu efémero retornar
Na espera consorcio com a sua aventesma,
Tão eterna e tão temporária neste andar
Que ela leva onde seu trilho foi na mesma
Fracção de instante coincidente a este,
Sorrio... suas pegadas foram nestas um dia,
Hoje passado onde um só olhar era a oeste
Luz e inspiração ao poeta e à sua melodia
Embalava gigantes e enlevava o cipreste
Em ténues e suaves tons envoltos em magia
Aonde seus passos as flores sustentam
Suaves em tal Amor e em tal brandura
Que ao seu passar os abrolhos rebentam,
Aqui aguardo tão só seu efémero retornar
Na espera consorcio com a sua aventesma,
Tão eterna e tão temporária neste andar
Que ela leva onde seu trilho foi na mesma
Fracção de instante coincidente a este,
Sorrio... suas pegadas foram nestas um dia,
Hoje passado onde um só olhar era a oeste
Luz e inspiração ao poeta e à sua melodia
Embalava gigantes e enlevava o cipreste
Em ténues e suaves tons envoltos em magia
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Através do Deserto Esfaimado Pt. III: As Crianças e os Mortos
As crianças estão cercadas por mortos
Aqueles que envolvem o cadáver da vida,
Do berço à sepultura passam absortos
E ao fim de setenta anos atingem a partida
Ignorando o mais árduo passo: o primeiro...
Que enxagúe as mãos e renasça inocente,
Irradiando a luz do farol ante o nevoeiro
E que são se torne quem antes fora doente
Aprofundando raízes fortes para sua altura,
Simples é sentir Amor de perto e à distância,
Vir do ontem rumo ao amanhã com a abertura
De quem semeia e acolhe do semeio a fragrância
Em celebração aproveitando a rota da aventura
Sem medo ou receios sendo o adulto em infância.
Aqueles que envolvem o cadáver da vida,
Do berço à sepultura passam absortos
E ao fim de setenta anos atingem a partida
Ignorando o mais árduo passo: o primeiro...
Que enxagúe as mãos e renasça inocente,
Irradiando a luz do farol ante o nevoeiro
E que são se torne quem antes fora doente
Aprofundando raízes fortes para sua altura,
Simples é sentir Amor de perto e à distância,
Vir do ontem rumo ao amanhã com a abertura
De quem semeia e acolhe do semeio a fragrância
Em celebração aproveitando a rota da aventura
Sem medo ou receios sendo o adulto em infância.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Através do Deserto Esfaimado Pt. II: Entre o Caminho e a Casa
As mãos que o agarram são as mãos que me levam,
Adiante o puxam e empurram perante o que vem,
Os balões que as esticam são os dedos que enlevam
Pois quando tocam o céu tornam o trovador em alguém
Que brilha mais do que mil estrelas num bolso albergadas
E ele, tal cometa, apenas alcançável pelo rasto que deixou
Nos vestígios de meias palavras em certas telas pintadas
Ou através do fulgor que no olhar dos outros ainda restou
Após o terem visto a rasurar obliquamente o horizonte,
Esses jamais serão os mesmos pois enfim aqui foram
O instante e perceberam que o poeta é Amor e ponte
Entre o frio do caminho ao aconchego da divina casa
Onde voamos em anseios aos abraços que demoram
Pois a mão que o toca nem é sequer bem mão, é asa.
Adiante o puxam e empurram perante o que vem,
Os balões que as esticam são os dedos que enlevam
Pois quando tocam o céu tornam o trovador em alguém
Que brilha mais do que mil estrelas num bolso albergadas
E ele, tal cometa, apenas alcançável pelo rasto que deixou
Nos vestígios de meias palavras em certas telas pintadas
Ou através do fulgor que no olhar dos outros ainda restou
Após o terem visto a rasurar obliquamente o horizonte,
Esses jamais serão os mesmos pois enfim aqui foram
O instante e perceberam que o poeta é Amor e ponte
Entre o frio do caminho ao aconchego da divina casa
Onde voamos em anseios aos abraços que demoram
Pois a mão que o toca nem é sequer bem mão, é asa.
Através do Deserto Esfaimado: A Sede Por Ela
Esta sede é a sede do deserto esfaimado,
Gota a gota acumulada na vista do poeta
Que anseia mais do que o que já foi olhado
E que precisa de mais cores para a sua silhueta…
Para lhe dar significado, para fazer sentido
Das esquinas fazemos cantos e entretanto
De tanto correr esquecemos o acontecido
Do bonito em que temos sido e seu encanto
Esvaece onde só há grãos de areia para tragar,
Onde a cópia da Lua vem e sussurra baixinho
Que somos O beijo por isso não devemos beijar,
Por tanto olhámos assim pelo ornato da janela
Ansiando sem saber pelo que aguardar no caminho
Quando ao longe de bem perto sabemos que é Ela…
(... Ela… sempre Ela.)
Gota a gota acumulada na vista do poeta
Que anseia mais do que o que já foi olhado
E que precisa de mais cores para a sua silhueta…
Para lhe dar significado, para fazer sentido
Das esquinas fazemos cantos e entretanto
De tanto correr esquecemos o acontecido
Do bonito em que temos sido e seu encanto
Esvaece onde só há grãos de areia para tragar,
Onde a cópia da Lua vem e sussurra baixinho
Que somos O beijo por isso não devemos beijar,
Por tanto olhámos assim pelo ornato da janela
Ansiando sem saber pelo que aguardar no caminho
Quando ao longe de bem perto sabemos que é Ela…
(... Ela… sempre Ela.)
sábado, 8 de junho de 2013
A Criança do Elísio: Ainda Trazemos
Somos… Somos aqueles que deixam às nuvens pegadas
Que vão e deslizam nos raios de sol e nas enxurradas
Atirando seixos às vidraças e vendo o mundo crescer
Sob o pé descalço reflectindo a criança ao envelhecer,
Frágeis amontoamos tons de vida e outros acinzados,
Somos quem semeia flores em canteiros imaginados,
Quem caminha ao pé-coxinho devagar ou corridinho,
Quem traz supernovas e galáxias no alado passarinho,
Tantas vezes também corremos ajoelhados sobre a lua
E de bem perto ainda somos tão longe aos dias comuns
Por onde navegamos resfolgando sendo suspirados à rua
Onde passámos ontem sendo tão poucos ou até nenhuns,
Aqui e agora nesta hora de dedos esticados e alma nua
Ao tentar amar o impermanente que tentemos ser alguns.
Que vão e deslizam nos raios de sol e nas enxurradas
Atirando seixos às vidraças e vendo o mundo crescer
Sob o pé descalço reflectindo a criança ao envelhecer,
Frágeis amontoamos tons de vida e outros acinzados,
Somos quem semeia flores em canteiros imaginados,
Quem caminha ao pé-coxinho devagar ou corridinho,
Quem traz supernovas e galáxias no alado passarinho,
Tantas vezes também corremos ajoelhados sobre a lua
E de bem perto ainda somos tão longe aos dias comuns
Por onde navegamos resfolgando sendo suspirados à rua
Onde passámos ontem sendo tão poucos ou até nenhuns,
Aqui e agora nesta hora de dedos esticados e alma nua
Ao tentar amar o impermanente que tentemos ser alguns.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
O Morro dos Ventos Uivantes: A Ela e Ao Seu Fantasma
Teremos balões e confettis à hora da morte,
Venham e tragam um bom amigo também,
Ela lívida e serena me há deixado a tal sorte
Que por instantes olvidei que ela era quem
Outrora se banhava leve nestes rectos ombros
Sorria, chamando-lhes o que sentia ser o lar,
Hoje ao monte dos vendavais seus assombros
Com seu níveo espectro a vidraça a arranhar,
Seus ecos reverberados nestes corredores vazios
Amaldiçoo-os a todos por esta insanável ferida
Enlouquecei-me mas deixai-me não restos sombrios
De toda uma viagem onde sóis o fado nesta palma
Aonde e onde não posso viver sem a minha Vida
Que sentido sequer faria viver sem a minha alma?
Venham e tragam um bom amigo também,
Ela lívida e serena me há deixado a tal sorte
Que por instantes olvidei que ela era quem
Outrora se banhava leve nestes rectos ombros
Sorria, chamando-lhes o que sentia ser o lar,
Hoje ao monte dos vendavais seus assombros
Com seu níveo espectro a vidraça a arranhar,
Seus ecos reverberados nestes corredores vazios
Amaldiçoo-os a todos por esta insanável ferida
Enlouquecei-me mas deixai-me não restos sombrios
De toda uma viagem onde sóis o fado nesta palma
Aonde e onde não posso viver sem a minha Vida
Que sentido sequer faria viver sem a minha alma?
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Do Baile Dos Olhos Cansados: Ao Morro dos Ventos Uivantes
Conto relógios e ampulhetas até vós,
Sou os que esperam um dia aguardar,
Conto as luas, as estrelas e a vossa voz
É o único som capaz de nos despertar
Pois trago em mim os que me precederam:
Os sonhadores, os trovadores e os insanos
Que noutro dia por cá luziram e choveram
E também foram e vieram no passar dos anos,
Perdoai-me esta alma assente no pé-coxinho
Neste ósculo ao baile dos olhos cansados
Vamos indo e não indo doce e devagarinho
Com meias de lã, sapatos de chumbo e esta fome
Por nossa dança tão delicada, tão sem cuidados
Onde todos dançam e ninguém sabe nosso nome.
Sou os que esperam um dia aguardar,
Conto as luas, as estrelas e a vossa voz
É o único som capaz de nos despertar
Pois trago em mim os que me precederam:
Os sonhadores, os trovadores e os insanos
Que noutro dia por cá luziram e choveram
E também foram e vieram no passar dos anos,
Perdoai-me esta alma assente no pé-coxinho
Neste ósculo ao baile dos olhos cansados
Vamos indo e não indo doce e devagarinho
Com meias de lã, sapatos de chumbo e esta fome
Por nossa dança tão delicada, tão sem cuidados
Onde todos dançam e ninguém sabe nosso nome.
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