Estorva-me este beijo dado no pavimento,
Serei substrato sob o solo enfim deixado,
Por cada passagem do instante, do momento,
Parece que por mim jamais fui ainda perdoado,
E apega-se na vista um lenço tecido de poeira,
Vejo menos com cada passado aqui conferido,
E logo se me quedo, recaio, me dá a canseira,
Da estrela cadente através de um céu querido,
Vou escutando uma voz dentro de uma cave fechada,
Questionando se pretendo tudo ou se quero nada,
Eu, a sombra de um vulto, o vulto tornado semblante
À distância de um além do horizonte, o petiz infante
Em que cujo olhar cabia o céu, esquecido à orfandade
De um beijo dado no pavimento numa eterna beldade.
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