terça-feira, 28 de junho de 2022

As Horas Hediondas

 Vou dormindo pensando quase estar despertado,
A ruga aflorada na pele, essa verdade escondida,
Não é perceptível do topo da montanha, acordado,
Acredito ainda ter por sonhar, mas vem a despedida,

A dor é real, a mágoa é pertença de batente coração,
Porque não? Porque não haveria de por fim o fazer?
Vou perdendo a quem dar realmente esta minha mão,
Cada vez se torna mais difícil de acreditar ou de ver,

Este cadáver esmorece com o vento e as suas ondas,
A vida pesa-lhe assim como lhe pesa o seu passar,
As horas vêm e vão tornando-se assim hediondas

Cerrando os olhos, permitindo por fim o anoitecer,
Até quando poderei dobrar este corpo antes de quebrar?
Até quando percorrerei este caminho sem nele fenecer?

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