Nascendo do sonho e morrendo na sepultura,
Entre o nada e o nada há uma vida inteira,
Partindo e amando com o fogo que dura
E doura, tudo o resto é somente canseira,
Sorriso para o cerúleo de coração quebrado,
Todos os segundos enfim passados são ponte
Para o momento justamente agora eclipsado
Macerado pela leveza insustentável do horizonte,
Tirando as pétalas que vão adornando o caminho,
Aceno em despedida aos rostos então adjacentes,
Chama-me o vento, sussurra-me a brisa, e sozinho
Vou indo por onde a bruma é senhora e rainha,
Enquanto o destino vem-me cerrando os dentes,
Afastado do sol sou eu a indubitável sombra sozinha.