Deixado e esquecido na berma da estrada,
O viandante assim usado tal lenço de papel,
O gosto na sua boca deixava um pouco de nada
Quanto ele se perdia no torvelinho desta babel,
Enquanto ela já se foi, ele por cá ainda ia ficando,
Ao vento e à maré distraído por uma lembrança
E enquanto o seu oxigénio não lhe ia bastando
Morria-lhe então o alento e o sorriso de criança,
Outrora seu coração era dela única pertença,
Invólucro para pinceis e cores de mil amores
Pois nesse ideal jaz então esta vil sentença
De silêncio entoado por um coração abandonado
Alheio ao burburinho proferido em seus arredores,
Desperdiçado e pelo que não virá ainda esperado.