Através do mesmo azul na vidraça,
As gotas d’água irrompem lá fora,
Vejo-as cair em tal beleza e graça
Que por instantes esqueço o agora,
Caem tão ternas na palma desta mão,
Brandas e leves agraciando o telhado,
Quase as consigo sentir neste coração
Que quase parece trazer-me um recado,
Já chega de trevas, já chega de ansiedade,
Está na altura de partir e quando me for
Espero perceber qual é mesmo a verdade
Pois por cá tem sido tanta e tanta a dor
A tristeza, o sofrimento e a saudade
Que parece que um dia morrerei de amor.