Ouvindo o tiquetaque da hora passageira,
A vida meio fugidia torna-se ruido de fundo,
De todas as viagens um nada na algibeira
Parece pouco para apresentar ao mundo,
Tem-me em suas garras o taciturno Inverno,
Emaranhado nas teias do seu suave cabelo,
Ele é a ode em linhas dentro deste caderno
Uma sobre a outra tal e qual infindo novelo,
Cada fio é para mim outra razão para viver,
Suspiro aos céus o fado do outrora viandante,
Estes olhos enfim suplicam por algo acontecer
Pelo retornar da luz perdida só mais uma vez,
Pela chegada dos pássaros levando-me adiante,
Deuses da não Vida libertai o sonhador talvez!