Era então em simples gestos através do areal
Onde chapinava os outros com água e sal,
A enseada feita para quem se tinha lembrado
Que o presente é feito de futuro e de passado,
Dançava alada num ponto entre as margens
Que ora passavam ou ficavam por si e nela,
Os instantes sempre eram mediante as aragens
Trazendo-lhe os adornos que a tornavam bela,
Até as cicatrizes refulgiam aos olhos da maré
Que ela reflectia onde o seu bailar incidia
Era então vê-la, delicada, em bicos de pé,
Entretanto um coração em uníssono batia e batia,
Sem saber do porquê alimentava-se de boa fé
Enquanto ela me percorria a alma e sorria, sorria, sorria...
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Dois Passos: E a Viagem Torna-se Viagem
Após quantas viagens é uma viagem, viagem,
Quantos passos são precisos para enfim chegar,
O que faz do facto concreto ou da ideia miragem
Ou qual o ponto em que é inevitável descansar?
E a quem apetecer caminhar no céu pode?
E a quem só conseguir ficar sem partir?
Nem sempre são os passos ao trilho ode
E o andar nem todas as vezes significa ir,
Será o caminho alguma vez dado por terminado
E se o for, será esse fim no final da estrada?
Sei que o tempo passa para quem há passado
E há vezes em que só deixa um pouco de nada
Para a viagem sei o que há sempre precisado
Dois passos, o da partida e o da chegada...
(e tudo o que estiver pelo meio).
Quantos passos são precisos para enfim chegar,
O que faz do facto concreto ou da ideia miragem
Ou qual o ponto em que é inevitável descansar?
E a quem apetecer caminhar no céu pode?
E a quem só conseguir ficar sem partir?
Nem sempre são os passos ao trilho ode
E o andar nem todas as vezes significa ir,
Será o caminho alguma vez dado por terminado
E se o for, será esse fim no final da estrada?
Sei que o tempo passa para quem há passado
E há vezes em que só deixa um pouco de nada
Para a viagem sei o que há sempre precisado
Dois passos, o da partida e o da chegada...
(e tudo o que estiver pelo meio).
Soneto da Passagem: Para o Tio Virado Avô
Suspirou: “Estou do fim para o resto.”
Enquanto seus olhos ficavam azulados.
"Estou velho, para a viagem já não presto
Aqui é onde os passos se dão por acabados,
Fica com o sorriso de quem tanto há amado,
O olhar e a voz atenta que tão bem te escutou,
Lembra o homem que fui neste corpo hoje quebrado
E que o fim nunca é o fim para quem enfim se encontrou,
Leva ao mar, no barquinho, os conselhos já dados
Aqueles pequenos nadas só entre nós os dois,
Mesmo quando o mundo der voltas aos quadrados
E não faças ideia alguma do que vem depois,
Estarei, meu neto, sempre ao teu lado,
Melhores dias virão um dia pois…"
Enquanto seus olhos ficavam azulados.
"Estou velho, para a viagem já não presto
Aqui é onde os passos se dão por acabados,
Fica com o sorriso de quem tanto há amado,
O olhar e a voz atenta que tão bem te escutou,
Lembra o homem que fui neste corpo hoje quebrado
E que o fim nunca é o fim para quem enfim se encontrou,
Leva ao mar, no barquinho, os conselhos já dados
Aqueles pequenos nadas só entre nós os dois,
Mesmo quando o mundo der voltas aos quadrados
E não faças ideia alguma do que vem depois,
Estarei, meu neto, sempre ao teu lado,
Melhores dias virão um dia pois…"
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Certas Palavras: Não se Dizem
Certas palavras escrevem-se apenas no coração
E por lá ficam silenciosas até ao final do tempo
Tal comboio passando de estação em estação
Sabendo quais passou mas deixando-as ao vento,
Títulos de capítulos de hoje viram rodapés amanhã
Como vestígios de um fotografia tornada rascunho,
Os dias tornam-se noites e os carris trazem-se cá
Numa perpetuidade que se verte neste testemunho,
Aprendo a viver soletrando a ponta de um beijo,
Enquanto os deuses dormirem terei um lugar
Para ser o colibri entre a paixão e o desejo
Inclinado a poente ansiando por fim encontrar
O espaço entre a multidão e aquele ensejo
Onde só vivo e morro ao brilhar! Ao brilhar...
E por lá ficam silenciosas até ao final do tempo
Tal comboio passando de estação em estação
Sabendo quais passou mas deixando-as ao vento,
Títulos de capítulos de hoje viram rodapés amanhã
Como vestígios de um fotografia tornada rascunho,
Os dias tornam-se noites e os carris trazem-se cá
Numa perpetuidade que se verte neste testemunho,
Aprendo a viver soletrando a ponta de um beijo,
Enquanto os deuses dormirem terei um lugar
Para ser o colibri entre a paixão e o desejo
Inclinado a poente ansiando por fim encontrar
O espaço entre a multidão e aquele ensejo
Onde só vivo e morro ao brilhar! Ao brilhar...
terça-feira, 15 de julho de 2014
A Vida Pt. II: É o Renascimento
Então falavam sobre os pequenos fragmentos,
Aqueles que silenciosos pairavam na maresia,
Ouvi mortais! Haveis esquecido sua poesia
E hoje o bastardo é por trilhos poeirentos,
Tossindo e engasgando-se ante a fogueira
Enquanto o seu vizinho envelhece sorrindo,
Alcançando a luz, jaz o homem revindo
Que vai indo de mão aberta na algibeira,
Seu olhar é plena luz diurna, de Deus espelho,
Outros criam garras sob o solo macilento
Vomitando-se em sete tons de vermelho,
Eu? Eu só quero cor onde eles vêem cinzento,
Ser a criança mesmo quando fôr o velho
E um dia morrer mas até lá ser em renascimento.
Aqueles que silenciosos pairavam na maresia,
Ouvi mortais! Haveis esquecido sua poesia
E hoje o bastardo é por trilhos poeirentos,
Tossindo e engasgando-se ante a fogueira
Enquanto o seu vizinho envelhece sorrindo,
Alcançando a luz, jaz o homem revindo
Que vai indo de mão aberta na algibeira,
Seu olhar é plena luz diurna, de Deus espelho,
Outros criam garras sob o solo macilento
Vomitando-se em sete tons de vermelho,
Eu? Eu só quero cor onde eles vêem cinzento,
Ser a criança mesmo quando fôr o velho
E um dia morrer mas até lá ser em renascimento.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
A Ema XII: Sob o Oceano
Sob o azulado oceano jaz ela sossegada,
Daqueles que sonham com a horizonte
Por onde dormita a bela Ema recostada
Tornando-se entre o oceano e o céu a ponte...
E que ela passe por mim em seu caminho,
O mundo não espera quem em si passa
E sim quem grita, grita mas grita baixinho,
Porém até essa tortura tem a sua graça...
Em alturas em que Rosa respira água salgada
Do rio onde nenhum barco tem passagem,
Por vezes até ela se esquece de sua amada
Que acorda feliz atrás do ar tal miragem
Enquanto o dia da Lua faz sua escapada
Na dança que do noite retorna a aragem.
Daqueles que sonham com a horizonte
Por onde dormita a bela Ema recostada
Tornando-se entre o oceano e o céu a ponte...
E que ela passe por mim em seu caminho,
O mundo não espera quem em si passa
E sim quem grita, grita mas grita baixinho,
Porém até essa tortura tem a sua graça...
Em alturas em que Rosa respira água salgada
Do rio onde nenhum barco tem passagem,
Por vezes até ela se esquece de sua amada
Que acorda feliz atrás do ar tal miragem
Enquanto o dia da Lua faz sua escapada
Na dança que do noite retorna a aragem.
A Vida: Não Basta
Não me bastam os dias que tenho de Vida,
Preciso do almejo que jaz no fim da linha,
Do pesado se faz leve e à viagem apetecida
Vai cheio o barquito de quem o vazio tinha,
Ele não será náufrago por muitos mais portos,
Por Deus vou eu e ele em mim em nascimento,
Assim, doce, se lançam ao mar os mortos
Que os levem numa maré de esquecimento,
Não há rebanho para quem fez do mar casa,
Quantos portos já passámos, já beijámos?
O Adeus é a palavra, é a vela, a leve asa,
Sê paciente não obstante do quão ansiámos
As ondas, as marés e quão o porto se atrasa,
Onde por vezes nem nós a nós nos bastámos
Preciso do almejo que jaz no fim da linha,
Do pesado se faz leve e à viagem apetecida
Vai cheio o barquito de quem o vazio tinha,
Ele não será náufrago por muitos mais portos,
Por Deus vou eu e ele em mim em nascimento,
Assim, doce, se lançam ao mar os mortos
Que os levem numa maré de esquecimento,
Não há rebanho para quem fez do mar casa,
Quantos portos já passámos, já beijámos?
O Adeus é a palavra, é a vela, a leve asa,
Sê paciente não obstante do quão ansiámos
As ondas, as marés e quão o porto se atrasa,
Onde por vezes nem nós a nós nos bastámos
terça-feira, 8 de julho de 2014
Meia Luz: E o Resto nas Garrafas
Meia luz… e um resto nas garrafas de mim,
Corpos cansados e derramados pelo chão,
A vista semicerrada percebe que foi assim
Que outros poetas por tais lençóis já caíram...
Meia luz… e mais um trago sorvido a beijo,
Abraços de veludo para esquecer o mundo,
Perdidos entre a paixão, a volúpia e o almejo
Nem que bebesse de uma vez veria seu fundo,
Meia luz… e o toque dos dedos da madrugada
Que calor oferta com uma porção do antes,
O pé na estrada, o coração que bate por nada,
Não há como despertar dos anseios distantes
Deixados ante a vigília de uma colcha gelada,
Meia luz... só tu és Mãe pelas horas errantes…
Corpos cansados e derramados pelo chão,
A vista semicerrada percebe que foi assim
Que outros poetas por tais lençóis já caíram...
Meia luz… e mais um trago sorvido a beijo,
Abraços de veludo para esquecer o mundo,
Perdidos entre a paixão, a volúpia e o almejo
Nem que bebesse de uma vez veria seu fundo,
Meia luz… e o toque dos dedos da madrugada
Que calor oferta com uma porção do antes,
O pé na estrada, o coração que bate por nada,
Não há como despertar dos anseios distantes
Deixados ante a vigília de uma colcha gelada,
Meia luz... só tu és Mãe pelas horas errantes…
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