Confidencio à Lua e à chuva este soneto,
Sobre este instante que tarda a chegar
Tal quarto verso de inacabado terceto
Que tanto anseio poder completar
E pertencerá ele ou não terá pertença,
Será ele luz e voz ou só bruma silente
E do vindoiro trará qual sentença,
Tornará ele o céptico no crente?
Vaguearei pelos confins da terra vadia
Pelo espaço entre os vivos e os mortos
Envolvido pela bruma de outro dia
Sussurrado à estrada no rocio dos corpos
Aos olhos do viandante tudo é poesia
Que se escreva bem nos trilhos tortos.