Vejam-me bem, não sou daqui,
Sou aquele do outro lado do rio
Que foi passando por aqui, por aí
Sendo abrigo para o níveo e o frio,
Ouvimos o canto da menina do mar
Nesta terra que se dissolve no coração
Que olvida a voz e esquece o seu lugar
Cantando a aresta e o pouco da porção
Da metade que é naquele bocadinho
Através deste olhar de boneca negra
Deste quarto escuro, triste e sozinho,
Onde já nem a neve se lembra e cai
E pouca é a luz que enleva e alegra
Nesta viagem de quem vem e se vai.