Para esta entrega tenho todo um ser ausente,
Um quarto onde só o vento encontra guarida,
Num relógio sem ponteiros, o incrédulo crente,
O seu nome repetindo-se por uma manhã diferida,
Entre ecos não de memórias, mas desta ânsia sentida,
Há um abraço preso na parede de um tempo não meu,
É este fogo que queima e aquece, uma chama suprimida,
E um copo cheio de ausência que bebo até ao fundo, ao breu,
O horizonte é esta linha onde o olhar se encosta de saudade
Do que ainda não sucedeu, tal rio que não chega ao oceano,
Um brinde e seu trago, trago-o em memória e na sua brevidade
Um clarão, cego e torturado, esperando onde não sou encontrado,
Sem idade ou tempo, se pudesse encontrar-me em qualquer humano!
Eu até gosto da ideia de amar, será por isso que é tão difícil me sentir amado?
Blog de um músico e poeta português onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
terça-feira, 26 de agosto de 2025
Rio que Não Chega ao Oceano
quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Relógio Afogado nas Marés
O eclipse da aurora, lua nova - sou marés, vento, tempestade,
Há um vazio em memória, um futuro onde ainda a desejo,
Promessas ditam que se tu fores nostalgia, eu sou saudade,
Independentemente de qual for a cor ou sabor desse beijo,
Retoco cicatrizes em fogo, o segredo que entre lábios ficou,
O perfume é meu e de uma entrega entre vindoiras estações,
É uma viagem sem mapa, uma ponte sem destino que desabou,
Serei um dia chegada pois há muito fui partida entre estes botões,
Este é e sempre foi o caminho do viandante sob um céu estrelado,
A porta entreaberta, agora cerrada, é um novo pássaro a esvoaçar,
Passagem para o Verão, mesmo estando aqui o relógio quebrado,
Ela chama, chama-me, e eu vou, meio doce, meio apoquentado,
Abraçando o torvelinho, sou na espiral, ela ensina-me a sonhar,
Na dor de estômago aprendo finalmente a estar feliz e enamorado.
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
O Relógio sem Ponteiros
Este é o silêncio antes de qualquer tempestade,
Encontro à beira de um cais quase abandonado,
O último instante antes de adormecer, em verdade
Um diálogo com a própria sombra - o assombrado,
Há uma luz que entra por uma janela esquecida,
Em imaginação pincelo a cidade após a chuva,
Coloco-a numa carta que será sempre perdida,
Este é o tempo do viandante antes da contracurva,
Vestígios de quem fora, ecos para idas alvoradas,
E vem a saudade, abismo para qualquer claridade,
Sou relento para os trilhos de umas outras estradas
Relógio sem ponteiros, dele tenho sido escravizado,
Pelas fendas destas quatro paredes, há eternidade,
E nessa espera a prisão, aqui sou o estigmatizado.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
O Velho Que Serei
A Criança Que Fui