Passam estes abraços devolutos cobertos por um céu envelhecido
Parando assim instintivamente e procurando uma mão para dar,
A fragrância dos passos não conferidos é apenas o tempo perdido,
E também o espaço entre a partida e chegada, porém o não chegar,
Estas lembranças são os dias passados de olhos quase cerrados,
O sonho a erguer-se para além do sono num beijo de despedida,
De verso em verso feito silêncio, os poetas são por fim sentenciados
À eternidade de um momento, a uma passagem imortal e abscondida,
O repousar de uma beata no cinzeiro, do último homem ao primeiro,
Esquecemo-nos da criança que se foi, ainda guardada na algibeira,
Do velho que bate à porta pretendendo tornar-se no Homem Inteiro,
"Serás poeira" - enuncia o Tempo com os seus dedos apontados,
É a orfandade da Vida o espelho desta enfim apagada fogueira,
A repetir-se cada pedaço do viver na parte dos instantes fragmentados.
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