quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Oressa: O Soneto Que Era Demasiado Longo Para Ser Soneto

Há ruas, ruas fugidias que se dobram às esquinas
Através de sombras de semblantes hoje ausentes,
Onde o riso das crianças se misturava com buzinas
E passava ela, de olhar baixo e caminhar penitente,

Partia por onde passava, procurando sua estrela,
Era amor não capitalizado, deixada à incerteza
De quem certeza de nada tinha e era enfim vê-la
Então passando de sorriso ido, ao abraço da tristeza,

Os mortos eram então reais e as cores proibidas,
De mão no varão da escada, usada e deixada
Entre pássaros e mineiros, eram tantas as descidas

E passava ela, de cabelo solto pelo varão de escada,
Um breve encontro à chuva e à luz de algumas bebidas,
Onde recompondo seu vestido, ia tão longa essa noitada...

(E passava ela por si mesma, sem sequer se encontrar,
Os seus passos esvaeciam ao ruído dessa cidade
E eu já mal a ouvia… e eu já mal a conseguia olhar….)