O barquito foi feito para navegar e navegar
Por sítios povoados e até por desertos ermos,
Por vezes nem ele nem eu precisamos de mar,
Só de linha do horizonte e uma viagem sem termo,
Eu quase nem falo, pouco sei, um pouco de nada,
Aí um nada de trono, um pouco de Rei nos espera,
Aquele vista que foi nossa e nós às estações deixada,
Beijo no Outono pelo Inverno, ao Verão à Primavera
Sou pássaro e asa passageira quando a noite aqui cai,
De olhar e toque faminto, aprendiz sendo à admiração
Escorregando e mergulhando por onde o vento se vai,
Polén e mel de toda a flôr, por tudo que couber na mão
Esperando a procura tal abraço de filho ante ausente pai,
Pretendo toda a poesia desde que rime com este coração.