Mantendo-a longe ainda a tenho perto,
Recalco os passos que nos juntaram,
Que trouxeram o beijo, o delírio, o incerto,
O belo instante em que eles se cruzaram
Porque eles os dois não eram sequer eu,
Eram partes e porções de quem não podia ser,
O frágil pedaço, o espaço por trás do véu,
Bordado pelo Sol para este definhar e morrer
Cujos farrapos em turva neblina é envolvido,
Existirmos? Nem eu nem ela podemos ser
Por isso meio eu ficou e ele há enfim partido
E fosse ele, fosse ele quem não me era,
Fosse ela quem em mim era todo o viver,
Seria então o início e o não fim da Primavera.
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
sábado, 22 de março de 2014
terça-feira, 11 de março de 2014
Esperando: Sempre Viandando (Entre Margens)
Esperando pelo assentar da poeira,
De sorriso nos lábios e coração na mão
Pois por vezes a viagem é pó, é canseira
Onde esquecemos nossa voz e o seu refrão,
Ansiando pelo belo momento que ora anseio
Que nem trovador suspirando ante o rosto lunar
Onde ambos nos perdemos em aceso devaneio
Pois todos os sítios que foram, todos foram lugar,
Hoje admito-o, sou eu – o último dos poetas,
Suspiro-vos às arestas de todos estes cantos
A todos estes sombrios becos e ruelas incertas
Através do beijo entre margens e solavancos
Vou eu – o viandante destas ruas desertas
A ténue linha entre o negro e o branco.
De sorriso nos lábios e coração na mão
Pois por vezes a viagem é pó, é canseira
Onde esquecemos nossa voz e o seu refrão,
Ansiando pelo belo momento que ora anseio
Que nem trovador suspirando ante o rosto lunar
Onde ambos nos perdemos em aceso devaneio
Pois todos os sítios que foram, todos foram lugar,
Hoje admito-o, sou eu – o último dos poetas,
Suspiro-vos às arestas de todos estes cantos
A todos estes sombrios becos e ruelas incertas
Através do beijo entre margens e solavancos
Vou eu – o viandante destas ruas desertas
A ténue linha entre o negro e o branco.
Enamorado Pelas Estrelas: Sorrio
Aqui escrevo um poema tão bonito, tão leve,
Quase ouço todas as cores do arco-íris,
Até se descongelam os corações feitos de neve
Se morrer agora, se morrer aqui, morrerei feliz…
As pétalas colhidas pela viagem são a caneta,
As pegadas dadas são a tinta, o aviso, o adeus
Para quem esqueceu a caligrafia, a sua letra,
Quem viver aqui, agora, será a ideia de Deus,
Para quem hoje chora como ontem ainda o fazia
Sorrio esta partilha convosco neste preciso aqui,
Por mim canto sim em qualquer canto a magia
Gargarejando a Terra e cuspindo as estrelas,
O poeta tão perdido e sempre encontrado em si
Que sou eu, que sois vós, somos nós todas elas...
Quase ouço todas as cores do arco-íris,
Até se descongelam os corações feitos de neve
Se morrer agora, se morrer aqui, morrerei feliz…
As pétalas colhidas pela viagem são a caneta,
As pegadas dadas são a tinta, o aviso, o adeus
Para quem esqueceu a caligrafia, a sua letra,
Quem viver aqui, agora, será a ideia de Deus,
Para quem hoje chora como ontem ainda o fazia
Sorrio esta partilha convosco neste preciso aqui,
Por mim canto sim em qualquer canto a magia
Gargarejando a Terra e cuspindo as estrelas,
O poeta tão perdido e sempre encontrado em si
Que sou eu, que sois vós, somos nós todas elas...
O Pequeno Riacho: Olhos Azuis, Olhar Castanho
Somos… no murmúrio do pequeno riacho
Dando ecos de suspiros feitos à eternidade
Nem o tempo ousará tirar-nos este espaço
Que o riacho espalhe nossos ecos pela cidade,
Em breve iremos embora, só o riacho será,
Levando nossas palavras, nossos beijos,
Eu, tu, nós os dois não seremos amanhã
Porém hoje fomos nestes acesos almejos,
Bela amiga trago-te no sorriso da corrente,
Nos lugares onde ninguém vai, neste olhar,
Onde o dia termina meio assim de repente
Quando o Sol adormece e se deita no mar,
Esta estória só a sabe quem amor sente
Ora sintamo-lo agora... deixando o riacho o afogar.
Dando ecos de suspiros feitos à eternidade
Nem o tempo ousará tirar-nos este espaço
Que o riacho espalhe nossos ecos pela cidade,
Em breve iremos embora, só o riacho será,
Levando nossas palavras, nossos beijos,
Eu, tu, nós os dois não seremos amanhã
Porém hoje fomos nestes acesos almejos,
Bela amiga trago-te no sorriso da corrente,
Nos lugares onde ninguém vai, neste olhar,
Onde o dia termina meio assim de repente
Quando o Sol adormece e se deita no mar,
Esta estória só a sabe quem amor sente
Ora sintamo-lo agora... deixando o riacho o afogar.
Da Não Vida: Haveis-me Capturado
Das ruas desertas e solavancos das bermas,
Do voo rente aos penhascos por rasgada asa,
Da lágrima de Vénus e seus quebrados poemas
Haveis-me capturado… estou quase em casa…
Das confidências à Lua e do perfume das Oressas,
Do vidro outrora azul ora tornado tão transparente
Do desejo à beira mar e do inebriar das promessas
Haveis-me capturado… sou novamente crente…
Do esquecimento do passado ou frémito do futuro
Por onde ninguém passa ou algum dia passará
Da saudade de outras vidas e daquele muro
Intransponível do passeio com a morte e seu horror,
Das pontes queimadas onde quem fui jamais será
Haveis-me capturado... será isto finalmente Amor?
Do voo rente aos penhascos por rasgada asa,
Da lágrima de Vénus e seus quebrados poemas
Haveis-me capturado… estou quase em casa…
Das confidências à Lua e do perfume das Oressas,
Do vidro outrora azul ora tornado tão transparente
Do desejo à beira mar e do inebriar das promessas
Haveis-me capturado… sou novamente crente…
Do esquecimento do passado ou frémito do futuro
Por onde ninguém passa ou algum dia passará
Da saudade de outras vidas e daquele muro
Intransponível do passeio com a morte e seu horror,
Das pontes queimadas onde quem fui jamais será
Haveis-me capturado... será isto finalmente Amor?
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