Então ele fechou os olhos perante o sono,
A cada pronunciação o sonho tardava
Deflagrando as ramagens de um outono
Esquecido, como sua pele o queimava,
E eu via-o, de olhos fechados, sem sonhar,
Num quarto fechado por nevoeiro cerrado,
A não adormecer e também sem acordar
Onde o vi naquela porção do bocado:
Era o paraíso dos fracos – o beijo na testa
Do pai ausente, a sangrenta asa do colibri
Levando o tempo para o que já não resta,
Acreditai em mim, eu faria tudo mais belo,
A vida é mais que o sonho e o sonho aqui
Não será sem vida na moldura que pincelo.
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
terça-feira, 26 de novembro de 2013
À Branquidão Pt. II: Por Onde Vou
Por onde vou, vou eu e vou sozinho
Diz-lhe a ela que por cá passei
Sem saber bem se este é o caminho,
Só sabendo que cada pegada amei,
Por onde hoje vou um dia já cá passei,
Vai-se esquecendo o então passado,
Por vezes fui certo, outras vezes errei
Porém o trilho é sempre o destinado,
Esta vida tem sido o diário da viagem
A pétala e a folha da raiz semeada
Terá e não terá lugar nesta imagem
Livre e insana, contida e desenfreada
Expondo o que restou da bagagem
E o espaço para o que vier na jornada.
Diz-lhe a ela que por cá passei
Sem saber bem se este é o caminho,
Só sabendo que cada pegada amei,
Por onde hoje vou um dia já cá passei,
Vai-se esquecendo o então passado,
Por vezes fui certo, outras vezes errei
Porém o trilho é sempre o destinado,
Esta vida tem sido o diário da viagem
A pétala e a folha da raiz semeada
Terá e não terá lugar nesta imagem
Livre e insana, contida e desenfreada
Expondo o que restou da bagagem
E o espaço para o que vier na jornada.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
À Branquidão: Diz-lhe que me Viste Passar
Vejam-me bem, não sou daqui,
Sou aquele do outro lado do rio
Que foi passando por aqui, por aí
Sendo abrigo para o níveo e o frio,
Ouvimos o canto da menina do mar
Nesta terra que se dissolve no coração
Que olvida a voz e esquece o seu lugar
Cantando a aresta e o pouco da porção
Da metade que é naquele bocadinho
Através deste olhar de boneca negra
Deste quarto escuro, triste e sozinho,
Onde já nem a neve se lembra e cai
E pouca é a luz que enleva e alegra
Nesta viagem de quem vem e se vai.
Sou aquele do outro lado do rio
Que foi passando por aqui, por aí
Sendo abrigo para o níveo e o frio,
Ouvimos o canto da menina do mar
Nesta terra que se dissolve no coração
Que olvida a voz e esquece o seu lugar
Cantando a aresta e o pouco da porção
Da metade que é naquele bocadinho
Através deste olhar de boneca negra
Deste quarto escuro, triste e sozinho,
Onde já nem a neve se lembra e cai
E pouca é a luz que enleva e alegra
Nesta viagem de quem vem e se vai.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Confidências à Lua Pt. II: Os Sonetos Lançados à Estrada
Confidencio à Lua e à chuva este soneto,
Sobre este instante que tarda a chegar
Tal quarto verso de inacabado terceto
Que tanto anseio poder completar
E pertencerá ele ou não terá pertença,
Será ele luz e voz ou só bruma silente
E do vindoiro trará qual sentença,
Tornará ele o céptico no crente?
Vaguearei pelos confins da terra vadia
Pelo espaço entre os vivos e os mortos
Envolvido pela bruma de outro dia
Sussurrado à estrada no rocio dos corpos
Aos olhos do viandante tudo é poesia
Que se escreva bem nos trilhos tortos.
Sobre este instante que tarda a chegar
Tal quarto verso de inacabado terceto
Que tanto anseio poder completar
E pertencerá ele ou não terá pertença,
Será ele luz e voz ou só bruma silente
E do vindoiro trará qual sentença,
Tornará ele o céptico no crente?
Vaguearei pelos confins da terra vadia
Pelo espaço entre os vivos e os mortos
Envolvido pela bruma de outro dia
Sussurrado à estrada no rocio dos corpos
Aos olhos do viandante tudo é poesia
Que se escreva bem nos trilhos tortos.
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