sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. V: Ao Partir o Barquinho

O seu ombro era a costa deste barquinho,
Todo o mundo, o oceano aonde navego,
E ao tocar seus lábios perfumados a linho
Esta alma e coração eram num belo sossego,

Sossego esse pintado no olhar dos poetas,
Em pulsação trémula quando acontece
Este desencontro sob a sombra de silhuetas
Cujas fragrâncias esta ânsia ainda entretece,

Apoiada no contra-senso da impermanência,
Este fôlego respirado é ténue marca de água
Suspirado ao vazio preenchido pela ausência

De quem para o que é, é ao longe e há partido
Ficando ou indo eu no barquinho pela frágua
E ao partir, perguntar-me se hei mesmo vivido.