quarta-feira, 8 de julho de 2009

Em círculo rodopiante

Em círculo rodopiante

Em círculo rodopiante de conturbada visão
Encontra-se um contuso ser em pausada interrupção
Sem ideias de por onde então prosseguir
Absorto quanto à saída por onde se exprimir

Em curvilíneo túnel toda a moção que aflui
E inspiração do não, decaída no chão que imbui
Outro contorno pesado e trilhado em frígida cor
Dor lancinante, caminhando em profundo algor

Sem brilho a partilhar ou desejos a cumprir
É o negro a aflorar e o sonho em vão a partir
Ficam as cinzas nas mãos hoje estilhaçadas
E as belas esperanças no chão em vão, apupadas

É como se outro fosse hoje o caminho
Com uma verdade oculta em fios de linho
Sem verdades ou mentiras mas apenas dias
Conseguintes entrelaçados em desbotadas guias

Esmaece no frenesim o corpo e a alma
Em salvação protelada e atormentada calma
O langor do ser procrastinado à sua longa ausência
Será outro pré-fantasma réprobo em transparência

Sustado o fôlego do imenso sonho alado
O próprio silêncio se prostra enfim albergado
O bater do coração não é mais para controlar
Cessa o motim, regressa a não-forma de estar

Simples e singelo no seu deambular
Surge a forma mais elementar de repousar
Longe do devaneio mortiço que é a vida
Aqui me olvido e me dou afinal, como perdida

Rosa M. Gray
por joel nachio

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