sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O Sonhador e o Cosmos

É luz e semblante que sobre esta sombra incide,
Reencontro a distância tocando a ida memória,
Não é paixão, é amor, instante eterno coincide
Com a beijo da aurora, lembro-me da estória

Do rapaz que caminhava sem qualquer pertença,
Através de passagens ao ocaso, dado à nascente,
Um jardim de estrelas cadentes esta a doença
Do altivo sonhador, o cosmos remanescente, 

Em essência sua alma esvoaçando no horizonte,
A revelação é transcendência, a fé no imutável,
E em boa verdade, entre a luzência e o abismo,

É indiferente, havemos atravessado essa ponte,
Estes sonhos em cascata são eu, nu, vulnerável,
Rascunhados a penas, este é o poema e seu lirismo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Enquanto Houver Oxigénio - Respirarei

E o sonho tem sido parte deste caminho trilhado,
Fagulha presente no olhar, vontade de ser, brilhar,
E do alto do céu ele ressoa de um tempo passado,
Onde o mundo parecia por um instante, respirar,

Os relógios paravam, as marés abrandavam, e eu era,
Como um som forasteiro de um desconhecido lugar,
Nós os sonhadores ansiamos mais do que a quimera,
Há sempre uma bela estrela que insiste em nos guiar,

Mesmo que sigamos estradas esburacadas, há brisa
No rosto, a comoção do berço, a proposta do caixão,
Há que ver o horizonte mesmo perante a luz imprecisa,

Dias suaves, suaves dias, há luzências e a luz é concedida, 
Assim se solta o beijo em nós, assim o beijo é ele: o coração,
Precisamente quando há o aceno ao regresso, à despedida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O Caminho Não Existe Sem Quem o Percorre

Há resquícios de pó de estrela no seu olhar,
Estas palavras somente éter e firmamento,
Pois tenho me encontrado por cada procurar,
Que neste poema é nebulosa, é renascimento,

Enquanto caem cometas em órbita de um luar,
Esta noite é nossa dentre este silencio sideral,
Entre constelações e galáxias, tenho cá o lar,
Num sorriso estampado sem dano colateral,

Trago leves infinitos na ponta destes dedos,
Horizontes celestes e lembranças do divino,
A vida é mais bonita em torno destes enredos,

Vestígios de pétalas esvoaçando na alvorada,
Temos orvalho agora nos olhos, o peregrino
É eterno, e o trilho é na contracurva estrelada.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Entre o Instante e o Eterno

Esperando como quem aguarda, saído do berço,
Quando a eternidade é crepúsculo, a bênção,
É que enfim há Vida a viver, o ser aqui exerço,
Venha a aurora, a primavera e a sua sugestão!

É um bálsamo para a alma, brisa para este rosto,
Um dia o vento me levará para o esquecimento,
Este é o karma humano, aceito-o de bom gosto,
Erodindo-se no relógio do ponteiro é o momento,

Percorrendo a distância tal fantasma, tal fragmento,
A identidade é Inteira, é dimensão para o Universo,
A esquadria do céu traz o cerúleo, o belo firmamento,

E poeira cósmica assenta-se nos ombros, silencia-me a voz,
Se perder o reflexo, o retrato for antigo, e o trilho adverso,
Terei resquícios no Eterno através do eco destes sonetos, (pó de arroz!).

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O Abracadabra da Espera

Por ditoso me vejo por aqui vos ter encontrado,
Que em consciência a tenha por mais um bocado,
Pois a noção de que para o fim tudo caminha,
Faz-me andar para trás tal açaime para a alminha,

Por tanto esperar sei que para muitos é essa uma ofensa,
Porém encontro na não procura a minha recompensa,
O tesouro divino que é a possibilidade dessa companhia,
Para mim é mil abracadabras, é maior do que toda a magia,

Por afortunado dou o clamor de quem gesticula a candeia,
Vejo que o dia nem sempre é noite, que por vezes clareia,
Portanto há sim tempo e espaço para pernoitar nesta lida,

Pois o chegar é relativo, como é relativa esta buliçosa vida,
Então dá-me a tua mão, demos as plumas por aqui soltadas
No que demos por fim gentis as asas abertas e espalhadas.