Sou do ser uma íngreme encruzilhada
Que é ora horizontal, ora vertical,
Submetendo-se ao vento da estrada
Algures entre o sonhado e o quase real,
Quase se renuncia ao que é do mundo,
Aquele peso das dúvidas e do mais,
E finalmente se lembra do lugar oriundo,
As bem-aventuranças, os êxtases que tais
Que são silêncio velho na mão do trabalho,
Deixando de ser pedinte por mais ego,
Todo o oceano se torna gota d’orvalho
Para não mais sentir este eu que ainda sou,
Para permitir ser a vista deixando o cego,
Para ser apenas o que é e cá chegou.