quarta-feira, 30 de abril de 2025

A Última Noite no Peito Dela

Há murmúrios ecoando no vazio da madrugada,
Em vestígios da sua ausência e em camas desfeitas,
O fantasma de outra despedida é erro na fachada,
Que assim se vai desmoronando dentre ruas estreitas,

Há lembranças cantando na ebriedade da noitada,
A insónia é rainha e o silêncio tão ensurdecedor,
Trago a sua respiração na minha e noutra facada
Encontro mote para enfim a lágrima e a sua dor,

Há sombras entre memórias, adeus nos espaços,
E o estilhaço no coração, a perda desta noção,
Pretendo renascer das cinzas em subtis traços,

Pois há o percorrer o ósculo deferido por esta estação,
Será que a chegada me aguarda em sutis e ternos abraços
Ou será que serei mais outro vivendo a vida em objeção?

terça-feira, 8 de abril de 2025

Vida em Tempo Emprestado

Encobre-me os ossos de murmúrios, estou tão frio,
Manifestando lábios que sussurram sombras - beijo,
Ensina-me a cantar, preenche-me de confetes o vazio,
Porque esta voz esqueceu o assobio das luzes do desejo,

Branco pálido, meu deus, perdi-me de mim, perdi-me de mim,
E a Vida não é um Sonho, tenho aprendido sob ferros e brasões,
Amarrado aos trilhos de um pôr-do-sol, haverá por fim um fim,
Pois procuramos sem encontrar, ao alto estão mil e um corações,

E estas fantasias, embalsamando-me, precisamos de um remédio,
Encobertos por uma dor adequada à tumba, esta é a maldição,
De um homem que outrora teve esperança, este insano assédio,

Onde vamos e pedimos tempo emprestado, esta enfim é a minha Vida,
Nas mãos de olhos fechados, de boca rasgada no meio da escuridão,
Este é o último adeus, numa tentativa sôfrega de atingir a margem querida.