quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Fracção do Infinito

Lençóis amarrotados e ao ontem impingidos,
Pendurado de uma estrela, sou uma estação,
De naus que seguem rotas, mudam de sentidos,
Do Inteiro que outrora fui, sou hoje só fracção,

Pois bem matemáticos excêntricos façam vossa equação,
Pouco me falta mais do que ir cedendo à vontade,
Que dá alívio a quem tem sido somente porção,
Mesmo que enganado por ser só sua metade,

Em boa verdade, há um frio que vai e subsiste,
Por onde quer que vá, mesmo que seja verão,
E formos prontos pr'a guerra de armas em riste!

O restante é só poças de água para chapinar,
Saltando para os charcos, permitindo a sazão,
Esqueçam pois quem tenho sido, todo este tentar.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

A Todas as Coisas Belas

Trago lembranças prendidas nos cabelos do vento,
Porções belas de momentos entretanto sossegados,
De espelhos quebrados onde hoje me torno sedento,
De vida, de morte, sob asas de contratempos desossados,

Galinhas de plástico correndo com a cabeça nos braços,
Vagueando deixando rastos de sangue, há aqui beleza…
Pois apontei a todos os aviões e retive-os em abraços,
(Então) Porque é que estes lençóis narrariam somente tristeza?

Assumo-o tal como o suponho, talvez sim a pontos de interrogação!
Conjugados com oxigénio engolido a colheres, meio hesitante,
Pois logo seremos gota de oceano, gesto estatístico ou medicação

Refreada em cápsulas à prova de água, retendo a respiração,
Ofegante ou anelante, deixa lá, que venha, pois, o instante!
Mas, porque é que todas as coisas belas sofrem do coração?