sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Do Que Foi ao Que Será

As estrelas relançadas para os braços do horizonte,
Envolvido por reflexos de luz, de roupas rasgadas,
Estrofes e versos capotados diante de urdida fonte,
Deixando estas horas para trás, ao plural largadas,

Esta é a distância entre o que fui e o que serei um dia,
Aqui faremos casa vestidos com essas constelações,
Pendurado de cadentes, procurando a una harmonia,
De tempos passados ainda vindoiros em eternos sermões

De quem foi cego, porém verá, seja qual for o destino,
A caravana dos sonhos, os arco-íris e os seus tesoiros,
Fazer-nos-á chegar e das estrelas serei então seu menino,

E as cicatrizes tornar-se-ão enfim em esbeltos diademas,
Lá do cimo, sendo altura, finalmente livre de tristes agoiros,
A lembrar do que foi, e do que eventualmente será em poemas!

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Entre a Noite e a Aurora

Aqui confesso esta noite desejando ser alvorada,
A manhã que não regressa, o espaço da ausência,
Trovas e sonetos, princípios e fins da madrugada,
A verdade é que sou vazio e solidão em essência,

Persianas fechadas, camas desfeitas e emparedadas,
Procurando sofregamente sua mão na minha, o dilema
É que a ampulheta findou imaginando duas mãos dadas,
E assim se faria o triste feliz, ainda mais belo seria o poema,

Por isso busco a amnésia, uma outra forma de esquecimento,
Murmurando pela ruela nocturna o que ninguém ousa pensar,
Somos amantes feitos estranhos, não há sequer pertencimento,

Somente fumo sobre a água, iris num qualquer tempo perdida,
Reflectindo nas lembranças pousadas num sepulcro - um penar,
Entardeço com a Aurora tal a estrofe ao fundo do baú cedida.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Entre Capítulos

Lembranças entre as páginas dos livros que não li,
Aqui foi onde a história terminou, o glorioso final,
De todas as coisas que não fomos, tudo o que não vi,
Para ti fui um capitulo, para mim foste o livro afinal,

Noite e dia, eras tu a tal, apenas tu a reluzir a lua do Sol,
Estivesses perto ou longe, pensava em ti noite e dia,
E rasgava os joelhos de tanto rastejar, a caída no anzol,
Esta solidão é perfeitamente esculpida, a soturna melodia,

Nem importa onde estás, nem o que farás, serei noite e dia,
Há estradas por fechar, tormentos a calcular, beijos por dar?
Talvez, mas vejo caminhos além, onde ainda floresce a poesia,

Pois tranquilizemos a guerra das rosas, e as feridas cicatrizarão,
Rebentados os balões ao vento, há sementes ao chão deixadas,
Delas brotam novos versos, novas histórias, e novas jornadas.